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setembro 07, 2002

Just a joke... Enjoy!

HEY, SMILE!



Um smile faz o que se espera,
Sorri, sorry, um dia após o outro.
Pós-tudo, posposto, proposta de ser
Amarelo como o sol-riso
De um dia que nem rolou.

Roll-on vulgar.
Devagar.
Cheiro de suor.
Calor.

Bye.

setembro 05, 2002

Bem, consegui descobrir, afinal, o que havia de errado e consertar o post abaixo. Vivaaaa!

Olá, crianças... A maioria já deve ter lido esta entrevista nas listas de discussão, mas vou colocar aqui. Afinal, nem sempre dou uma de Jô Soares... Graças aos deuses, com menos peso!!!! Estão prontos para isso? Giulia Moon entrevistando Martha Argel, com exclusividade para vocês! Ontem, imaginei uma conversa despretensiosa e sem-compromisso entre nós e enviei as perguntas para Tita, que, como eu esperava, respondeu com toda a sua simpatia. Então, música vampírica, ao fundo, luz e sombras no nosso castelo rubro, sintam-se num talkshow vampírico e curtam esta...

ENTREVISTA COM UMA VAMPIRA!


Martha Argel - escritora e vampira

Tita:
Oi, Giu. Oi, Tinteiros. Oi, Adoráveis.
Queria, antes de responder as perguntas de nossa sanguinária e querida Giulia Moon, agradecer pela honra de ser entrevistada por ela. Há muito costumo dizer que a nossa Giulia, mestre literária de tantos de nós, é hoje a pessoa que melhor escreve Terror no Brasil (e não é rasgação de seda, não!). Vamos lá, Giu!


Giu:
Ei, isso não estava no script! (rs)
Acabei dizendo aos tintinhas e cia. que você é uma especialista em ficção vampírica, Tita. Quantos livros de vampiros você tem e qual ou quais são os seus autores preferidos?

Tita:
Acho que sou uma colecionadora de livros de vampiros. Minha “vampiroteca” passa de cem volumes, que venho reunindo desde 1998. Tenho de tudo um pouco, mas especialmente romances e novelas publicados nos últimos anos, coletâneas de contos e livros de não-ficção. A maior parte está em inglês, mas além do português, há vários livros em espanhol e em francês.
Meus autores preferidos são todas mulheres: Laurell K. Hamilton, Tanya Huff e P. N. Elrod. As três escrevem romances policiais com vampiros, embora cada uma tenha seu estilo próprio. Nenhuma delas, que eu saiba, foi traduzida para o português.


Giu:
Você é uma ornitóloga. Acha que esse seu lado de pesquisadora-cientista ajudou de alguma forma na sua concepção do que são os vampiros e como tratá-los de forma ficcional?

Tita:
Talvez a formação científica tenha mais influência sobre meu estilo de escrita do que sobre os personagens-vampiros em si. É difícil para um autor tentar caracterizar seu próprio estilo, mas creio perceber no meu várias influências da redação científica: a economia de palavras, a utilização precisa dos termos, o encadeamento lógico do pensamento.
Quanto à minha concepção dos vampiros, acho que ela é mais o fruto do que eu, como leitora compulsiva, sempre achei mais emocionante e mais instigante. Por exemplo, gosto muito do livro Entrevista com o Vampiro, da Anne Rice, mas uma coisa sempre me incomodou: os vampiros dela não fazem sexo como os mortais. Bom, quando tive a chance de criar meus próprios vampiros, não tive dúvidas: meus vampiros têm genitálias totalmente funcionais, embora, seguindo o grosso da ficção vampírica, não possam ter filhos biológicos. Foi assim que defini os meus vampiros: escolhendo sempre, entre as várias alternativas, a que me parecia mais interessante. Não deixa de ser, no fundo, um procedimento bem científico, não é?

Giu:
Como nasceu o seu livro Relações de Sangue?

Tita:
O livro nasceu a partir de um conto em que, meio por acaso, criei a mortal Clara e a vampira Lucila. Quando terminei de escrever o conto, não consegui tirar as duas da cabeça e acabei criando uma nova trama, em que elas se envolviam com um vampiro sedutor e cínico, cujas mulheres estavam sendo misteriosamente assassinadas. No começo pensei que a trama renderia outro conto, mas à medida que escrevia fui percebendo que era algo mais longo. Só percebi que era um livro quando já tinha umas quarenta páginas escritas. Foi um choque. Jamais imaginei que seria capaz de escrever um livro. Fiquei quase um mês sem escrever, com medo de não conseguir ir até o fim. Mas tudo deu certo. No total, devo ter demorado uns quatro meses para escrever o livro todo. E quase dois anos para reescrever e corrigir.

Giu:
E uma coisa muito importante: como você conseguiu chamar a atenção de um editor para que lesse o seu livro?

Tita:
Acho que dei sorte em achar a editora certa no momento certo. O RS ficou engavetado por quase um ano e meio, pois eu não conhecia ninguém no mercado editorial que oferecesse as condições que eu gostaria. Então aconteceu que o André Vianco, um ilustre desconhecido, conseguiu publicar Os Sete, e o livro não só estava exposto nas vitrines de toda grande livraria, como se tornou um best-seller. Sua editora era a Novo Século. Outra ilustre desconhecida, mas eu soube na mesma hora que era exatamente o que eu procurava. Afinal ela havia apostado em um autor novo e promissor e havia conseguido projetá-lo junto ao público leitor. Tanto fiz que por fim consegui, numa noite de autógrafos do André, conversar com a Silvia Segóvia, gerente de produção da editora, que me informou que eu poderia submeter para avaliação os originais do livro. Submeti, e fiquei roendo as unhas até os cotovelos. Depois de algumas semanas, finalmente tenho notícias: a editora tinha interesse em publicar o RS. Poucas vezes em minha vida senti uma emoção tão grande!
Acho que dois fatores decisivos foram para a publicação do livro: primeiro, o cuidado em analisar as diferentes editoras, contatando apenas a que tivesse uma linha editorial compatível com meu livro; segundo, o fato de ter evitado importunar a editora com telefonemas e cobranças de uma resposta imediata. Eu não tinha pressa. Se essa editora recusasse, eu simplesmente continuaria procurando e tentaria outras. Mas não recusou. E aqui estou. Fico devendo uma ao André, à Silvia e ao Luiz Vasconcelos (o patrão), por apostarem em mim e em meu Relações de Sangue!


Giu:
Você participou da Tinta Rubra, Contos Fantásticos e Adorável Noite. Que importância teve essa participação a você, como escritora?

Tita:
A participação nas listas de discussão foi, sem demagogia, fundamental para que eu descobrisse todo o potencial que a ficção curta (os contos) tem. Quando descobri as listas, eu já tinha dois livros de contos publicados, Contos Improváveis (1999) e Olhos de Gato (2000). O CI eu sempre considerei minha pré-história, e o OG foi um livro muito planejado e pensado; eu achava que com ele eu finalmente tinha aprendido a escrever. Quando entrei no Tinta Rubra, meu primeiro grupo de discussão de contos, é que percebi o quanto ainda tinha por explorar, por experimentar. Falo de formas de narração, extensão do texto, o uso de diferentes linguagens. Só para citar um exemplo, logo no segundo dia escrevi um conto em que Lucila mata o Valente (sim! A Lucila e eu fomos as primeiras!). Eu nunca havia escrito um conto tão rápido, eu nunca havia deixado alguém ler um conto sem algumas semanas de revisão, eu nunca havia usado um personagem de outro autor (perdão, Adrianooooo!), eu nunca havia escrito diálogos com uma linguagem “antiga”. Os meses que passei nas listas foram a melhor oficina literária que eu poderia ter encontrado.


Giu:
Você vai lançar mais livros? Quais são os seus projetos futuros?

Tita:
É claro que pretendo lançar mais livros! No momento já escrevi metade de Amores Perigosos, a continuação do Relações de Sangue, e também com a Clara e a Lucila. Tenho esboçado, ainda, o terceiro volume da série, além mais três ou quatro livros de fantasia e de ficção científica. Mas esses outros livros só serão publicados, por essa ou por outra editora, se o RS emplacar e for um sucesso. Senão, num mercado competitivo como é o editorial, eu danço. Olha a responsabilidade dos leitores, hein, gente???
Além da ficção, tenho outros projetos, principalmente ligados a meio ambiente. E tenho ainda um livro de crônicas, com o título de O dia em que fui um cadáver, que reúne histórias reais, acontecidas comigo em minhas andanças por lugares estranhos (incluindo minha própria casa!). Planos não faltam! Falta tempo, perseverança e... editoras interessadas!

Giu:
Você teria alguma mensagem aos seus futuros leitores? Diga o que quiser!

Tita:
Minha mensagem não é só para quem eventualmente venha a ler o RS. É para todos os leitores. Leiam. Leiam as coisas de que gostam. Comentem com seus amigos, pais, primos, filhos. Recomendem os livros que vocês curtiram. Presenteiem livros. Sem fazer discursos pentelhos, espalhem o prazer da leitura. O brasileiro lê pouco porque acha que ler é um saco. O mercado consumidor de livros é ridículo no Brasil. A única esperança de que mais gente consiga publicar, como o André e eu conseguimos, é aumentando o número de leitores. Não seria um sonho entrar numa livraria e encontrar livros e mais livros de vampiros, e não apenas Anne Rice e Bram Stoker? E encontrar não apenas dois autores brasileiros, mas uma infinidade deles? Quem sabe algum dia, não é?

Um beijo a todos, e espero que gostem do Relações de Sangue!

Martha Argel


Giu:
Então, crianças... Espero que os tenha divertido esta noite, com esta convidada especial. Ela, elegantemente, não deixou os seus endereços néticos, mas eu vou tomar a liberdade de colocar aqui, caso vocês queiram falar com a nova escritora de vampiros na praça... ;-) Apesar de Tita estar nos meus links aí do lado... Mas assim é mais fácil, não é?
Martha Argel:
Uma Vampira em Sampa
Lucila, a Vampira

Carpe Jugulum!!!!!!


Não, não sou tão produtiva assim... É um conto antigo. Boa noite, crianças...



A SENHORA DO CASTELO
Giulia Moon

Era eu, a esperar pelo meu amor, observando pelas janelas do castelo as mudanças das estações refletindo-se na paisagem. Então veio o outro, montado no seu cavalo negro, um lobo gigantesco a saltar ao seu lado. Bateu à minha porta numa noite sem luar, a armadura lustrosa tornando-o ainda maior.
“Senhora, dê-me abrigo.” Disse, dentes brancos surgindo nos lábios entreabertos de um sorriso morno.
Deixei-o entrar e servi-lhe vinho que não bebeu, carne que não provou, pão que recusou. Quis o que não podia dispor, segurando-me com as mãos grandes e fortes, enquanto eu gritava um pouco de medo e um pouco de prazer. Fome de amor, fome de dor.
Ele já se foi, restou apenas o seu corpo sem vida que apodrece nas masmorras, o rosto acinzentado de olhos vidrados, paralisados no vazio da morte. Deixou também o grande lobo de caninos afiados que eu monto nua nas noites de lua cheia.
Grito sempre, uivos longos e cheios de sensações inexplicáveis. Sinto medo, ainda. E pressinto o prazer.
Aquele que eu espero ainda não veio, ainda não veio, ainda não veio...

* * * * * * *

setembro 03, 2002

O MILÉSIMO VISITANTE!



Beleto, o macho ariano calorento, lembram? Que depois de ser personagem de minha crônica, acaba de ganhar uma semana de fama! Ontem, ele foi o milésimo visitante do O Santuário da Srta. Moon. Sorte (ou azar?), ele nunca entra no meu blog e, quando entra, é o milésimo! Como publicitário até na alma - que já vendeu - reclamou um brinde no comentário que deixou. Pois cá está, Beleto. A sua foto no meu blog! E não reclame, hein? Ah, como é bom ser má! Hehehehe!

LUNA
Giulia Moon

Eu, que sempre pensei:
Sou uma, sou EU, sou onisciente,
Um dia me perdi para encontrar
Amores e irmãos dementes...

Os que não têm medo de morder,
Os que não têm medo de ser,
Que nada têm a ver
Com vivos-mortos da alma
Dos ditos mal-ditados
Por cérebros e Cérberos,
Guardiães da moral
Dos maus bons costumes.

Ursas, lobos, vampiros,
Faunas e floras mentais,
Carne da nossa própria carne,
Nacos de um mundo antigo.
Apenas o básico, o elementar
De letras desditas e mortais,
Maior do que os neurônios fecais
De muitos outros umbrais.

Amores, irmãos, de mentes sãos,
Fecho os olhos, contente
Há ao redor muitos mais...

Sou parte, sou célula, onipresente
Sou uma, sou UNA, sou ente.
DNA da mente.

O resto, que se quedem, silentes...



Ilustração: Arthur Rackham (1867 - 1939)

setembro 02, 2002

SEGUNDA-FEIRA DE POUCOS AMIGOS

Segunda de manhã, dia de rodízio, graças aos céus, a minha gripe pôde ficar mais um pouco na cama, pois só saio depois das dez. Cara inchada, olhos mais ainda. Nós, os japoneses, nunca ficamos com olheiras, mas em compensação, os olhos cansados incham e ficam ainda mais fininhos... Saco. Nós - e agora me refiro ao meu exército de giuvírus e eu - levantamos da cama a contragosto, tomamos banho, escovamos os dentes, etc e etc, e afinal desço até a garagem. QUE FRRRRIO!!!! Cáspita, eu tinha errado a roupa de novo! De camiseta de manga curta, jeans e uma jaqueta de brim fininho, enganada traiçoeiramente pelo sol radiante que prometia um dia de calor... Os giuvírus vibram, todos felizes, antevendo uma festa de arromba neste corpo maltratado... E atrasada. Calculo rapidamente o meu dia e resolvo enfrentar o frio. Afinal, tenho ar quente no escritório, embora o meu colega de sala, Beleto, seja um macho ariano calorento que não suporta mais do que um ambiente de 20° C. Mas conto com o cavalheirismo dele aliado ao fato de ser sua chefe... E lá vou eu, rumo à segunda-feira, com cara de poucos amigos.

Chego, cumprimento, sento e abro os meus emails. Beleto não reclama, muito pelo contrário, ele é um verdadeiro gentleman de camiseta rota e jeans cheio de buracos, um perfeito espécime de diretor de arte desencanado. Conheço-o desde quando tinha dezessete anos, um garotão loiro e surfista, que ria fácil e gostava de fazer trocadilhos. Hoje, uns quilos a mais, barriguinha idem, os cabelos que já se foram há tempos prum Paraíso Capilar... Pai e maridão, continua um garoto. E o seu bom-humor me faz esquecer a gripe e o frio lá fora. Abro o meu blog e vejo meus amigos ali. Os novos e os menos novos. Engraçado como os meus amigos A.I. (antes da Internet) não costumam entrar no meu blog. São uns caras ocupados, que mal e mal respondem emails. Mas lá no blog estão Van, Tita, Paulito e Cíntia. E Carl e N!tro, os novinhos. Brand new friends! São os meus amigos D.I. O meu humor melhora consideravelmente. Aliás, já estou quase uma boba-alegre. Almoço, trabalho, e, surpresa! Carlinhos. Um amigo com quem trabalhei até o ano passado. Estava em Angola, pra onde foi, aventureiro, escrever seus textos publicitários. E de onde voltou muito mais amadurecido, vendo com os próprios olhos o que a gente só ouve falar. País que sofreu trinta anos de guerra civil. Podem imaginar o que é? Não podem, não podemos. Só quem vê, sabe.

Mas voltemos ao Carlinhos. Um garotão, também. Meu antigo mestre, minha metade de dupla, o melhor redator publicitário com quem trabalhei. Um dos caras que me incentivaram a entrar pra esta miserável vida de publicitária. Tem cinqüenta e tantos aninhos. E continua um garoto. Falamos muitas besteiras, cheias de palavrões, como convém a publicitários. Relembramos nossos desafetos e destilamos nossos venenos em conjunto. Filosofamos e nos convencemos de que somos os maiorais... em nada. Sempre com muita ironia e sem auto-condescendência, apenas algum cinismo de quem reconhece um igual. E que, apesar de tudo, ainda acredita em boas intenções num mundo de significados complexos e contraditórios como a propaganda.

Meu dia chega ao fim. Conduzo o meu exército de volta ao lar. O frio não me incomoda, apenas mais um aspecto do meu habitat natural. Apenas mais uma segunda de poucos e verdadeiros amigos. Boa noite, crianças. Sonhem com os anjos. E, se tiverem pesadelos, que sejam interessantes!


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