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setembro 21, 2002

Hey, melhor, graças a uma caminhada matinal em meio a chuvisco fino e chato, mas uma delícia pra caminhantes mal-humorados. Agradeço as mensagens que recebi após o meu desabafo de anteontem. Cada um, à sua maneira, demonstrou uma sensibilidade que me fez enxergar mais claro um monte de coisas e repensar mais outras. E, de certa forma, continuo me surpreendendo com o poder das palavras. Vocês deixaram mensagens que me provaram que não estou sozinha a manipular (no boníssimo sentido, no melhor de todos) as palavras e obter efeitos incríveis em quem as ouve ou lê, e, principalmente, em si mesmos. Podem ter certeza que cada palavra que li ontem e hoje teve um efeito profundo nas minhas neuras. Vocês são os mestres. Vocês são the best.

Entrei na página do Ajato, o meu provedor, e encontrei uma chamada para um clip do Marylin Manson, a coisa mais bizarra do mundo do rock. Ele canta um cover de uma música antiga legal, “Tainted Love”, mas numa versão marlynesca com muito humor negro. Vejam, se tiverem saco, e notem o carro bacana com que ele chega a uma casinha de teens WASP americanos pra arrombar a festa. E muitas cositas mais. Entrem no Ajato , cliquem no "música" - “Clips” - "rock" - "Marilyn Mason". Eu gostei.

Para os titios e titias de plantão, tem também um clip do Rick Wakerman e o seu clássico “Viagem ao Centro da Terra”, composição de rock-épico que está completando 25 anos. Mesmo endereço, clicar clips, rock e Rick Wakerman.

Há uma explosão de animes e mangás na nossa terrinha brasilis e os meios de comunicação ainda não sacaram toda a extensão do fenômeno. Notaram os Pokemóns e Dragon Balls e toda a carga de merchandising que descarregaram nas lojas, mas não perceberam ainda que os garotos nativos estão loucos para consumirem toda essa fantasia “made in Brasil”. Se compararem a quantidade de títulos de mangás, muitos deles feitos aqui no Brasil com a mesma qualidade dos originais japoneses, expostos no jornaleiro, verão que os Marvel Comics estão perdendo terreno rapidamente. Samurais X e Evangelions vão dominar o muuundo, logo mais... Ou não. Depende da velocidade da conquista e da capacidade de gerar novos insights de sedução ao consumidor brasileiro, este, sim um eterno insaciável. Bom, vai daqui um endereço legal sobre animes, hqs, filmes e etc desse gênero: HQ & CIA.

setembro 20, 2002

Bem, bastaram cinco minutos pra me deprimir. Cheguei à conclusão que sou uma idiota completa. Tenho uma tendência incontrolável pra pieguice, acho eu. Eu sempre desconfiei disso, desde pequena, quando percebi que Papai Noel era a minha mãe e a minha irmã trazendo da loja, escondido, o pacote do meu presente. E, mesmo assim, continuei acreditando no Papai Noel. Não que eu não quisesse ver a verdade, longe disso. Parei de falar dele, a esperar por ele, mas durante muito tempo ainda acreditava, lá no fundo, que ele existia em algum lugar. Da mesma forma, tenho um forte impulso a achar que as figuras históricas eram mesmo heróicas, a pensar que palavras bonitas têm a força de mudar o mundo real. Que os meus amigos são perfeitos, que existem coincidências maravilhosas e razões inteligentes para tudo. A enfeitar com a minha retórica um mundo feio e sem-graça. A enxergar nele o que eu quero ver, usando a minha imaginação para transformá-lo à minha imagem e semelhança, como um Deus tolo e infantil. E cá estou eu de novo, usando a estética da palavra pra desenhar mais ilusões. Usando-a para explicar o mundo para mim mesma todo o tempo. Isso tudo me parece tão vazio, agora, que o melhor é ficar quieta, pra variar. E tentar não me sentir tão pequena, hoje...

setembro 19, 2002

Todos os góticos e amantes de vampiros em geral estão pichando O Beijo do Vampiro. Bem, eu tenho cá as minhas razões pra não achar a novela TÃO ruim assim... O garoto abaixo é a minha razão pra apreciar a novela... Gabriel Braga Nunes, o vampiro Victor, um bom ator e um homem lindo, que já atuou em outras novelas sem muito destaque. Acho que chegou a hora dele no Olimpo Global, meninas, pois ele está simplesmente maravilhoso na pele do Victor, o badboy vamp, que deixa o venerável Tarcísio Meira no chinelo com a sensualidade do seu risinho cínico. Ah, meus sais...







Algo leve (?) esta noite, em homenagem aos fastfoods onde ando me envenenando ultimamente... Bom apetite!


MARMITA MODERNA
Giulia Moon

Massas condimentadas de plástico,
carnes fofas de sabor gorduroso,
fast food, fast bad, fastidioso food cáustico
desperta nas fotos um olhar desejoso.

É vermelho, é amarelo, cores por todo lado.
Luz & brilho é condição sine qua non,
pra vender um universo tão encantado,
recheio de sonhos em pedaços de pão.

Na cidade moderna, a nova e pobre marmita
não alimenta, sacia, apenas a fome engana.
Com mais um sorvete e uma torta de banana!

Escolha o número e engorde sem pena.
No sorriso programado da fastgirl morena,
uma promoção big-marmita com frita!


setembro 18, 2002

Cerveja com cinco do meu rol de homens. Não, nada picante. Apenas homens-amigos, homens-irmãos, homens-crianças. Celso e Neno, dois deles, contam uma história engraçada. Era reveillon, estavam nuns chalés com as respectivas esposas e mais um grupo enorme. Beberam, etc, e a maioria foi dormir. Celso e Neno não tinham sono. Foram para a beira do lago para "pescar", segundo o dialeto bebum, mas que na verdade significava procurar algo pra fazer, entediados. Olham, maravilhados, para os cisnes, dormindo, as cabeçonas descansando nas costas. Alguns gansos passeiam perto.
"Ei, Celso" diz Neno. "Vamos pegar um desses gansos aí." Idéia de bêbado. Só podia ser.
"Vou pegar pão pra dar pra eles." Plano de bêbado. Por incrível que pareça, sempre dão certo, só pra aumentar o tamanho da encrenca posterior.
Pegaram todo o pão da despensa e trouxeram pra beira do lago. Naquela escuridão, os dois bebuns chamando os gansos: "vem, ganso, vem..." Celso vai por trás e Neno, na frente: "vem, ganso, vem..." O ganso vinha, vinha... E zapt! Celso agarrou o ganso. Uma mão na goela do bicho. A outra, no peito. A ave, desesperada, abriu as asas e começou a se debater.
"Putz, Celsinho, olha o tamanhão do bicho!"
"E agora, e agora????? Que que faço com ele?"
"Sei lá, cara, mas não larga não, que o bicho tá espumando!"
Fonc, fonc, foooonc!!!! O ganso gritava, sufocado.
"Celsinho, afrouxa um pouco a mão, cara, ce tá estrangulando o bichão!"
"Que que faço com isso, porra????"
"Não larga, cara, não largaaa!"
"Já sei. Vou levar pro chalé e mostrar pro povo!"
Idéias de bebum continuavam a surgir. Não tinham fim.
"Tá, vou abrir a porta prucê."
Um parceiro bebum era o que faltava pra completar a encrenca. Lá se foram, certos de que estavam tendo uma idéia genial.
"Vai, lá então, Nenão... Agora!"
A porta se abriu, Celso entrou com o ganso meio sufocado nas mãos. Neno acende a luz. Vários corpos semi-adormecidos no chão da chalé, no quarto, as esposas olhando, incrédulas, pros maridos em estado lastimável. O ganso nas mãos do Celso. De repente... o inevitável. O que você faria se um ser bizarro e gigantesco o agarrasse numa noite escura e o carregasse à força para o seu covil, onde um monte de outros seres enormes começassem a se erguer do chão com caras furiosas?
Se cagava de medo! Foi o que aconteceu. Em proporções assustadoras. Celso, Neno e quem estivesse por perto ficaram cobertos com o cocô do ganso, que se debatia e espalhava a merda por todos os lados. Celso gritava:
"Nenãaaao, que que eu faço agora????"
"Solta ele..."
"Não, Celso!!!" gritaram as esposas e cia.
"Tá bem, tá bem..."
Os dois começaram a andar de volta pro lago.
"Olha, Celsinho, não solta ele assim... Joga pra frente e CORRE!"
"Mas ele vai me bicar inteiro!"
"Joga pra frente e corre!!!"
Ele correu pra um lado, o ganso pro outro, batendo as asas e gritando que nem louco. FOOOOOOOOOOOOONC!!!!!!
Os dois, relembrando o episódio, tomam mais um gole de cerveja e abanam a cabeça.
"É, Nenão... Que coisa, hein, bebum é foda..."
"É, Celsinho, e depois eu lembro que a barra pesou, cara..."
"Pesou, pesou..."
"E ainda tínhamos dado todo o pão pros gansos. Tinha patê, manteiga, maionese... mas não tinha pão pra passar. Putz, a barra pesou, mesmo. Todo mundo olhando pra gente torto, tava desagradável, cara..."
E aí, fizeram o quê?
"Bebemos, ué."
"É... Bebemos..."

setembro 16, 2002

Hoje não estou com vontade de ser séria. Ah, quanta besteira em se levar a sério! Problemas de grana, de saúde, sentimentais ou a falta de... Não quero ser sensata ou sensível, quero ser uma mulher que lê horóscopo, faz testes de "você é amada?" da revista, lê as fofocas de quem-fica-com-quem dos globais e se emociona com a novela das oito. Que pensa no chocolate que vai comer antes de dormir, na roupa que vai vestir amanhã, no cabelereiro da hora do almoço. Quero me entediar com o futebol, interromper os papos masculinos sobre Fórmula 1, preocupar-me com o cachorro da vizinha que late à noite e ouvir, interessada de verdade, sobre o namoro da filha da empregada. Quero fazer a lista do supermercado, assistir a um anime na tv, fazer as cruzadas do jornal. Quero passar os cremes que são recomendados, caminhar os quilômetros que são necessários, comprar mais lingeries de rendas. E, se me dão a devida licença, (ou não) quero babar de tesão com os homens gostosos, os homens inteligentes, os homens carinhosos, os homens amigos, os homens irmãos, os homens filhos da mãe, os homens filhinhos do papai. Nada sério, garoto, hoje não...


setembro 15, 2002

Este conto foi escrito pro Doutor Paulo Castro, no dia do seu aniversário. Encontrei na minha gaveta de arquivos perdidos e resolvi postar pra vocês. E pro Paulito, claro.

ANIVERSÁRIO DO PAULINHO
Giulia Moon

Paulinho acordou sorrindo. Era seu aniversário! Ia ter bolo, guaraná, presentes... E aquele montão de amigos chegando, rindo, bagunçando tudo. Pulou da cama e quase derrubou o seu joguinho de "O Pequeno Doutor". Tinha ganhado no Natal, e desde então não desgrudava dele. Mas agora não tinha tempo pra brincar, tinha muito o que fazer! Precisava arrumar tudo pra festa. Ou pelo menos vigiar a mamãe, só pra ter certeza de que ela não esqueceria de nada. Engoliu o café às pressas, sob os protestos da Bá. Tu quer morrer engasgado, muleque? Ela gritou, meio rindo, enquanto Paulinho já estava na sala, verificando as bexigas que a mãe e a vovó estavam enchendo. Depois, foi com o papai buscar os refrigerantes na padaria do seu Jorge. Vistoriou a consistência dos brigadeiros e cajuzinhos que a Bá estava preparando desde cedinho. Depois da pausa forçada pro almoço, finalmente acompanhou a mamãe até a doceira. E, depois de muita ansiedade, pôde ver o seu bolo de aniversário.

Era todo branco, um pico de Kilimanjaro feito de mashmallow. E, sobre ele, um divã, um paciente de plástico e um psiquiatra sentadinho, ouvindo suas queixas com atenção! Paulinho olhou bem para a cena e achou meio esquisito. Que decoração estranha! O que a mamãe tinha na cabeça? Preferia algo com o Cebolinha, mas tudo bem, o que importava era o bolão enorme, gostoso.

Tudo pronto, Paulinho estava apreensivo, esperando os convidados, todo vestido de preto. Foi a vez da mamãe estranhar. Credo! Parece um vampiro! Ela protestara. Que vampiro nada, não tava na cara que estava vestido de roqueiro punk??? Ela não tinha notado as "tatuagens" feitas com caneta bic no braço? Essas mães... Mas, como era o seu aniversário, Paulinho impôs sua opinião e conseguiu permanecer com a sua vestimenta. Estava nervoso. E se não aparecesse ninguém?

Afinal, os convidados começaram a chegar. A primeira a entrar foi Marthinha, depois, vieram a Moniquinha, o Arnouxzinho, a Cintiazinha, o Aloninho, o Adrianinho, o Ravelzinho, a Danizinha e a Giulinha. Paulinho vibrou com os presentes: um livro de um tal de Raduan Nassar, umas facas Smith-Johnson, um disco do Karnak, uma jaqueta de couro e mais livros. E tome mais canivetes e mais discos. E jogos de mini-bisturis, um par de asinhas e um novo jogo: "The Psicho". E chegaram também Aninha Luz, Fernandinho, Wyrmzinha, Lilinha, Priscillinha, Debbynha e o Aleczinho. Todos riram muito do bolo e disputaram quem ia cortar o pescoço do paciente. Na hora de apagar as velinhas, um grande estrondo soou na porta, e entraram solenemente Raduan, Lucila, Valente e Maya. Atrás deles, vinham muitas e muitas figuras estranhas, alguns de dentes afiados, outros mutilados, sem pedaços de pernas ou braços. Uns uivavam. Outros miavam. A maioria gemia. Mas todos, sem exceção, pisaram com pés enlameados e ensangüentados no tapete novo da mamãe do Paulinho.

Em meio a essa multidão de seres bizarros, Paulinho dançava e ria. E todos os convidados cantaram a uma só voz o "Parabéns". Foi assim mesmo que tudo ocorreu. Era uma vez, um dia de festa no Reino Fantástico...


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