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novembro 11, 2002


CEMITÉRIO DE CONTOS
Giulia Moon

Existe um lugar para onde vão todos os contos esquecidos dos escritores. Uma espécie de limbo, um local onde nada existe de fato. Apenas pequenas sensações de idéias e divagações que não frutificaram. Possibilidades.

Movidos pelo acaso, os textos pairam, um ao lado de outro, convivência de idéias diferentes, malucas, conflitantes. Nada disso importa. Eles apenas continuam a existir, não se deixam engolir pelo vazio, não se permitem morrer. Flutuam, espectros que são. Fantasmas de inspirações momentâneas ou de árduas batalhas contra a falta deles. Momentos perdidos nas madrugadas, energias desperdiçadas, horas sacrificadas de sono. Partes de vida não vividas. Resultados de sofrimento, dor.

Eles aguardam, pacientemente, a sua hora de redenção, quando os criadores alcançam um insight tempestuoso em seus hds biológicos e recuperam, como por milagre, as informações perdidas. Às vezes isso demora a acontecer, noutras, é instantâneo. E ainda, em outras ocasiões, eles reaparecem, encobertos por outras idéias, ostentando novas roupas, novos adereços. O próprio criador não os reconhece mais.

Dêem graças ao Cemitério de Contos Perdidos. Ele estará sempre lá, indestrutível enquanto existirem criadores. E alguém para lê-los. Boas razões para que o ato de criação continue. Ad infinitum.

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