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dezembro 10, 2006

CONVERSAS SUJAS

Faz algum tempo, estávamos eu, Roberto, Martha Argel e Mônica Virgo (do Rio), conversando animadamente numa mesinha da praça de alimentação do Shopping Center 3. Era umas 15 horas num domingo e o local estava tranqüilo, sem tanta gente como nos domingos normais. À certa altura, Martha disse:

- Por que os médicos usam jaleco na rua? Se os jalecos servem pra evitar a contaminação, por que eles usam os jalecos na rua?

Passamos a conversar sobre os médicos, os laboratoristas, enfermeiros, enfim, todas as pessoas que vemos nas ruas usando o jaleco que deveria ser uma roupa de proteção, e não algo para ser usada na rua. Passamos, como sempre, a brincar e a fazer piadas sobre o assunto, sobre os exames de fezes, etc.

De repente, uma senhora de cara severa levantou-se da mesa atrás de Martha e disse:

- Vocês deveriam se envergonhar por falar dessas coisas aqui. Estou almoçando e fui obrigada a ouvir essa conversa suja de vocês. Vocês deveriam ter mais respeito pelos outros... Que horror!

Nós quatro demoramos a entender do que ela estava falando. Talvez o nosso assunto não seja do agrado da maioria das pessoas, mas a verdade é que a conversa não era com ela. Afinal, não estávamos num programa de rádio, entretendo as pessoas ao nosso redor. Com o shopping vazio, não custava nada ela se afastar discretamente para que a nossa conversa maléfica não chegasse aos seus ouvidos, não é?

Antes que respondéssemos, ela se virou e foi embora, fazendo cara de ofendida. Não contente, ao levar a bandeja até o lixo, ela topou com uma das moças da limpeza e, gesticulando e apontando para nós, deixou claro que estava se queixando de nossa conversa também para a tal moça, que, com cara de enfado, estava mais preocupada em fazer o seu trabalho.

Então eu vi, sobre a mesa onde ela estava, um envelope. Tão absorta em se queixar de nós, ela o havia esquecido ali. Ao vê-la passar, rumo à saída, eu comecei a chamá-la para avisar sobre o envelope, mas ela fez que não ouviu, pensando, talvez, que eu pretendia continuar a discussão. Aí Martha disse bem alto:
- Ei, madame, esse envelope não é seu?
A mulher fez uma cara de espanto e, com uma careta de raiva, voltou para a mesa e pegou o envelope, murmurando um "obrigada" bem baixinho.
- Muito bem, meninas - disse Mônica. - Quem foi grossa foi ela e ainda saiu por baixo, nos devendo um favor!
- E olhem o envelope! - eu disse.
Só então vimos o que era o envelope: era um envelopão do Hospital Einstein, que devia conter exames e radiografias. Imediatamente, nós quatro desatamos a rir.
Não sei que tipo de raciocínio fez essa mulher se revoltar contra a nossa conversa. Mas, com certeza, ela tinha enfiado a carapuça na cabeça...

Beigius e um bom domingo!

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